Uma questão pessoal.
A porcentagem dos que se julgam pobres em Ribeirão Preto (8,77% da população) está abaixo do índice oficial de pobreza (11,75%) registrado na cidade, de acordo com o mapa divulgado na última quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município foi o 14º no ranking da pobreza estadual, com desigualdade (Índice de Gim) de 0,45 —a escala vai até 1— o pior índice que pode ser atingido— e os piores registros do tipo no Estado chegaram a 0,47.
Já a opinião dos entrevistados sobre a própria condição de vida, o que calculou a porcentagem dos que se julgam pobres—considerado o índice subjetivo—, foi de R$ 131,54 para o consumo básico mensal. Para Viviane Kuintaes, analista de informação do IBGE, é preciso observar o mapa como um todo, pois são apresentados dois métodos distintos, que apresentam margem de erro. “O índice de pobreza é uma média matemática feita com dados oficias das cidades. O subjetivo foi calculado pelas respostas das pessoas de quantos elas achavam que deveriam consumir minimamente.”
O relatório apontou que a percepção de pobreza tem diferenças regionais e é afetada pela posição do entrevistado em relação aos demais indivíduos da comunidade.“A maior parte das regiões metropolitanas teve uma percepção de pobreza menor. O valor absoluto tem pressupostos, como um mínimo de consumo calórico mensal, que independem daquilo que você acha que é melhor para você. A idéia é ver a pobreza pelos dois âmbitos, pois os índices são complementares”, disse Isabel Cristina Martins Santos, economista do IBGE. O índice de indigentes (consumo urbano mensal abaixo de R$ 74,89) em Ribeirão ficou em 1,9%.
A desempregada Elisangela de Fátima, 26 anos, tem renda mensal de R$ 122, mas acha que há casos piores. “Onde moro todos tem as mesmas condições, mas tem gente que mora na rua, eu ao menos tenho casa”, disse Elisangela.
RIBEIRÃO
53,8 Mil é o total da população considerada pobre na cidade
Vergonha de aceitar condição
O sociólogo José dos Reis Santos Filho, docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, disse que o fato de o critério de pobreza subjetiva resultar de entrevistas individuais dá margem a diversas hipóteses. “Cada um tem um motivo particular. Mas a percepção pode indicar que há pessoas em situação de maior pobreza que a do entrevistado. Quem olha no entorno e vê pessoas em maior dificuldade não se vê como tão pobre”, disse o sociólogo.
A vergonha em se definir como pobre e a relatividade do critério escolhido pelos entrevistadores são outros pontos que podem ter interferido no resultado de Ribeirão Preto. “A pobreza é definida por um critério, mas quem responde ao questionário não tem essa referência”, afirmou Filho.
Já a assistente social da Prefeitura Cláudia Silveira Neto disse que essa percepção é uma questão cultural. “Como há muito paternalismo por parte do governo, as pessoas se acostumam com a pobreza, precisaríamos de uma reeducação”, disse Cláudia. (DC)
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fonte: Gazeta de Ribeirão
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