domingo, 19 de abril de 2009

Até o ano que vem Empresas da região que deixam de emitir CO2 podem ganhar até R$ 47 mi em créditos de carbono.

Preservar para lucrar.

De 2002 até o ano que vem, a região de Ribeirão Preto poupará 985.233 toneladas de gás carbônico (CO2), que representam R$ 47 milhões nos chamados créditos de carbono. Os créditos são vendidos por empresas que reduzem suas emissões do gás —cada tonelada equivale a um crédito— a outras empresas do mundo que não têm como diminuir o poluente.

O valor de cada crédito está sujeito às oscilações do mercado, mas o preço pode chegar a 17 euros (R$ 48). São Paulo foi o Estado com maior número de registros de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) —projetos que estimulam a redução do CO2 — com 21% do total nacional, mas a região de Ribeirão teve apenas 2,57% dos registros. Foram seis projetos entre 233, sendo que o último foi solicitado em 2007.

Todos os processos para geração de créditos de carbono autorizados na região são voltados para cogeração de energia elétrica a partir do bagaço da cana —a chamada bioenergia. As pioneiras no mercado de carbono na área de Ribeirão são as usinas Santelisa Vale (que na época dos projetos eram dividas em Santelisa e Vale do Rosário), Nova América, Santo Antônio (que opera no mercado de carbono junto com a São Francisco por meio da empresa Bioenergia), Usina da Pedra e Santa Adélia.

Para Cícero Junqueira Franco, ex-diretor da Vale, as tarifas para venda de energia termoelétrica melhoraram e tem compensado o investimento, mas o mercado de carbono ainda carece de regulamentações. Já Jairo Balbo, diretor de produção de energia da Bioenergia, disse que o mercado de carbono viabiliza a produção. “O preço do megawatt (MW) melhorou, mas ainda não é suficiente e aí entra o crédito de carbono”, disse.

Em cinco anos, a Bioenergia vendeu 11.011 toneladas de CO2 e arrecadou cerca de R$ 5 milhões em créditos. Na usina, o bagaço substitui carvão, óleo e outras fontes de origem fóssil que poluem mais —cada MW de cana significa 0,264 tonelada de carbono a menos na produção da energia e com base nisso são calculados os créditos.

COMO FUNCIONA

O protocolo de redução de gases de efeito estufa (GEE) foi assinado em 1997 por líderes mundiais na cidade de Kioto, no Japão, com o objetivo de conter o aquecimento global. Pelo documento, as nações desenvolvidas (com exceção do EUA, que não aderiu) se comprometiam a reduzir, até 2012, em cerca de 5% essas emissões. No final deste ano, os países devem se reunir outra vez para discutir a continuidade do projeto e nações em desenvolvimento, como o Brasil, devem pressionar para aumentar as reduções. O protocolo permitiu que países incapazes de cumprir a cota em território próprio pudessem comprar as reduções excedentes de outros lugares, o que deu origem ao chamado mercado de crédito de carbono. No Brasil, os projetos precisam passar antes pelo governo federal para comprovarem que colaboram para o desenvolvimento sustentável de sua região e que cumprem as leis trabalhistas e ambientais.

USP pesquisa possibilidades

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) vão investigar as potencialidades em créditos de carbono na região de Ribeirão Preto. O levantamento deve mostrar os setores que já são explorados e os que podem ser desenvolvidos dentro desse contexto. O estudo está sendo organizado pela professora Maisa de Souza Ribeiro, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, que defendeu, em 2005, uma tese sobre o mercado de carbono. “Era algo muito novo ainda, então pesquisei o que eram os créditos de carbono e os mecanismos de desenvolvimento limpo. Agora, nesse mapeamento, vamos buscar dados mais aplicados", disse Maisa. Segundo a professora, o que impede que qualquer pessoa possa investir em redução da emissão de gases de efeito estufa, como o carbono ou o metano, é o custo inicial. “Há uma barreira financeira. O mecanismo surge a partir de uma realidade já existente e na qual possa melhorar um rendimento, como no caso das usinas.”
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fonte: Gazeta de Ribeirão

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