quarta-feira, 22 de abril de 2009

Está ficando (quase) barato. A crise chegou ao mercado de casas de veraneio de luxo, em alguns casos, o preço médio dos imóveis caiu 50% .

A bolha imobiliária que deu origem à crise financeira que assola o mundo tem, como se sabe, diferentes faces. A mais famosa foi, sem dúvida, sua versão subprime - o financiamento a consumidores de histórico duvidoso, que acabaram por dar calotes em série em suas hipotecas. Existiu, porém, uma face muito mais glamourosa dessa bolha.

Nos últimos anos, houve uma valorização impressionante no preço de casas nos mais badalados pontos de veraneio do mundo. Mas a crise, que começou no subprime, acabou em lugares como Mallorca (na Espanha), Caribe e sul da França. De acordo com corretores de grandes imobiliárias especializadas no mercado de luxo, casas de veraneio em todo o mundo estão, em média, 30% mais baratas que há um ano. Em regiões onde a bolha foi ainda mais exagerada, como em Dubai, nos Emirados Árabes, os preços caíram 50%.

"No ano passado, havia pouca oferta de imóveis. Hoje, há uma seleção muito melhor disponível no mercado, então está mais fácil negociar os preços", diz Lucy Russel, diretora da Quintessentially Estates, companhia inglesa que vende casas de luxo em todo o mundo.

O que está por trás dos generosos descontos é a necessidade de capitalização de investidores. Com a economia mundial em recessão e a falta de crédito, americanos, ingleses e franceses estão vendendo suas casas de veraneio para quitar empréstimos imobiliários nos bancos ou cobrir eventuais perdas na bolsa. A exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos, houve uma onda de valorização de imóveis em países como Espanha e França, de até 300%, entre 2000 e 2008. O caso mais notável envolveu os consumidores ingleses. A libra esterlina teve valorização de 12% de 2004 a 2008, o que ocasionou uma invasão inglesa nos balneários portugueses e espanhóis.

Com a queda da libra (de 25% desde o início da crise) e a desvalorização das bolsas, o fenômeno sofreu uma reversão completa. Cidades como Banyalbufar, na ilha de Mallorca, estão entre as regiões afetadas pela debandada dos estrangeiros. Uma casa de quatro quartos, avaliada em 2008 por 2,8 milhões de euros, pode ser adquirida hoje por 2,3 milhões de euros.

O Brasil passou nos últimos anos por um movimento semelhante, embora de proporções menores. O Nordeste do país entrou no radar de turistas europeus, dispostos a aproveitar os preços relativamente baixos das casas de veraneio e impulsionados pelo surgimento de voos diretos entre as principais capitais europeias e a região. Até o ano passado, pelo menos um em cada três imóveis lançados nas principais cidades do Nordeste era comprado por um investidor estrangeiro.

Nos últimos meses, porém, esses compradores sumiram da região. De acordo com a imobiliária Josinha Pacheco, a maior do Nordeste, hoje apenas 10% dos imóveis lançados acabam nas mãos dos europeus. O surpreendente, no entanto, é que a queda na demanda ainda não se refletiu nos preços.

Uma das explicações para isso é a constatação de que a bolha não foi tão inflada em praias brasileiras. Aqui, os preços subiram 30% de 2006 a 2008 - nada muito diferente do que aconteceu com o valor dos imóveis como um todo. Com a ausência dos estrangeiros, porém, espera-se um longo período de estagnação nos preços de casas de veraneio no Nordeste.

"Quem construiu esperando atrair estrangeiros terá de esperar a crise passar se não quiser oferecer descontos", diz José Ernesto Marino Neto, da BSH International, consultoria especializada em turismo. Na Europa e no Caribe, onde o cenário é mais desolador, os preços devem continuar caindo pelo menos por mais dois anos.

Em razão da crise, o tempo médio de venda de uma casa de veraneio, que era de menos de uma semana no auge da bolha, passou para três meses. "As pessoas estão esperando que os preços continuem caindo", diz Lucy Russell, da Quintessentially. Para quem tem 2 milhões de euros à disposição e quer ter uma casinha em Mallorca, a melhor atitude talvez seja segurar a ansiedade e esperar um pouco mais.


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fonte: Exame

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